Na semana passada, no dia 25, houve uma festa em comemoração ao Dia da Independência da Ucrânia ( День Незалежності України), que foi no dia 24, lá no Memorial Ucraniano. No mesmo dia acontecia no Bosque do Papa a festa em homenagem à Nossa Senhora Czestochowa (reverenciada pelos poloneses). Como eu sabia que não teria varêneke à venda lá no Tingui, pois a festa começaria às 14:00, resolvi ir almoçar no Bosque do Papa e então ir de lá para o Tingui. Deu certo, pois o almoço estava muito bom e cheguei em tempo no Memorial.
Assim como no Bosque do Papa, havia caixas de som tocando música típica. O problema no Memorial foi que volta e meia tocava uma música em russo. Mas a gota d'água mesmo foi quando começou a tocar música sérbia, aí fui procurar quem tinha montado essa playlist e tentar entender por que estavam tocando aquilo.
Ao localizar o responsável, ele disse que tinha sido o filho dele quem fez a lista e quando perguntei por que tocavam aquelas músicas “atípicas,” ele respondeu que tinha certeza que eram todas ucranianas e então veio com uma explicação esquisita: de que as músicas eram ucranianas e que na Ucrânia Soviética só podia se cantar músicas em russo. Foi de doer. Claramente esse senhor improvisou a explicação na hora e (provavelmente estava ocupado com outras coisas) não prestou atenção no que tinha tocado antes. Para fazer uma afirmação dessas, imagino que ele desconheça Volodymyr Ivasyuk et tal. Uma pena.
Finalmente, chegaram os membros do Barvinok e do Poltava e fizeram suas apresentações, que estavam este ano estavam boas, melhores que na última vez que nos anos anteriores (aquele palco pequeno não ajuda.)
Quando o evento já tinha acabado e eu estava no ponto de ônibus esperando, comecei a conversar com uma senhora que disse que tinha nascido na Alemanha, quando seus pais ainda eram DP da Segunda Guerra Mundial e estavam nos campos de refugiados, lá por 1950. Achei muito interessante, pois raramente se fala do que aconteceu no pós-guerra com todas as pessoas que foram deslocadas.
Nisso, uma outra senhora que acompanhava a conversa comentou que os avós dela “também tinham fugido para a Áustria antes de vir para o Brasil.” Não é a primeira que vejo alguém fazer esse tipo de confusão. Acho que faz muita falta algum material simples, que descreva com mais precisão qual era a situação da Ucrânia na época da imigração. O material que chega mais perto para ajudar nessa questão é a revista Os Imigrantes, da Cláudia Fialka, uma pena ele não ser fácil de encontrar e não ter sido (ainda) amplamente distribuído nas comunidades. Seria muito legal se um dia essa revista abordasse também aspectos da Ucrânia moderna, para ver se ajuda o senhor que era responsável pelas músicas na festa do Memorial :)
Naturalmente, este senhor e seu filho têm meu respeito simplesmente por terem estado lá e (pelo que já percebi) sempre estarem ativos na comunidade de Curitiba, mas é sempre bom saberem que detalhes podem ser melhorados.
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